Avaliação da correlação entre casos de infecção pelo Zika vírus em gestantes e a síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika no Brasil

Autores

  • Anna Cristina Neves Pereira Centro Universitário de Valença - UNIFAA
  • Pedro Henrique Moreira de Castro Centro Universitário de Valença - UNIFAA
  • Rayane Ventura Romeiro Centro Universitário de Valença - UNIFAA
  • Ana Carolina Oliveira de Aquino Centro Universitário de Valença - UNIFAA
  • Filomena Aste Silveira Centro Universitário de Valença - UNIFAA
  • João Alfredo Seixas Centro Universitário de Valença - UNIFAA

DOI:

https://doi.org/10.24859/SaberDigital.2025v18n3.1796

Palavras-chave:

Síndrome Congênita de Zika, Zika vírus, Infecção por Zika vírus, Microcefalia, Gestantes

Resumo

Introdução: O vírus Zika, transmitido principalmente pelo Aedes aegypti, pode causar infecção leve ou assintomática, mas é perigoso na gestação, podendo causar a Síndrome Congênita do Zika (SCZ). Por isso, é essencial a detecção precoce, o acompanhamento das gestantes e o cuidado contínuo das crianças afetadas. Objetivo: Este estudo tem como objetivo avaliar a diferença entre o número de casos notificados e aqueles com diagnóstico laboratorial confirmado de infecção pelo vírus Zika em gestantes, assim como a diferença entre a notificação de microcefalia e o diagnóstico da síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika no Brasil. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo, com base em dados secundários dos sistemas SINAN, SINASC e RESP-Microcefalia, referentes ao período de 2016 a 2023. Resultados: Observou-se que apenas 25,32% das gestantes notificadas com suspeita de infecção realizaram investigação laboratorial, e somente 13,67% dos casos confirmados foram por critério laboratorial. Entre os casos com investigação laboratorial, 20,27% foram confirmados. Foram notificados 4.919 casos de microcefalia no período, enquanto os casos confirmados de SCZ totalizaram 1.014, dos quais 72,1% apresentaram microcefalia. Discussão: A análise aponta possível subnotificação de casos, devido à baixa testagem, à elevada proporção de infecções assintomáticas e às limitações técnicas dos exames. Conclusão: Os achados indicam a importância da inclusão da testagem para Zika nos exames de rotina do pré-natal em zonas endêmicas, bem como o fortalecimento da vigilância e do acompanhamento dos recém-nascidos expostos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALBUQUERQUE, M. F. P. M. de; SOUZA, W. V. de; ARAÚJO, T. V. B.; BRAGA, M. C.; MIRANDA-FILHO, D. de B.; XIMENES, R. A. de A.; et al. Epidemia de microcefalia e vírus Zika: a construção do conhecimento em epidemiologia. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 34, supl. 1, e00069018, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00069018. Acesso em: 27 abr. 2025.

BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em ciências humanas e sociais, cuja metodologia envolva o uso de dados indiretos. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: https://www.gov.br/conselho-nacional-de-saude/pt-br/acesso-a-informacao/atos-normativos/resolucoes/2016/resolucao-no-510.pdf. Acesso em: 27 abr. 2025.

BRASIL. Lei nº 13.853, de 8 de julho de 2019. Altera a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, para dispor sobre a proteção de dados pessoais e criar a Autoridade Nacional de Proteção de Dados, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 9 jul. 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13853.htm. Acesso em: 27 abr. 2025.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 1.813, de 11 de novembro de 2015. Declara emergência em saúde pública de importância nacional (ESPIN) por alteração do padrão de ocorrência de microcefalias no Brasil. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2015/prt1813_11_11_2015.html. Acesso em: 27 abr. 2025.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria GM/MS nº 1.682, de 30 de julho de 2017. Declara o encerramento da emergência em saúde pública de importância nacional (ESPIN) por alteração do padrão de ocorrência de microcefalias no Brasil e desativa o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COES). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 2017. Disponível em: https://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2017/08/Portaria_n_1682_Fim_Emergencia_6julho2017.pdf. Acesso em: 27 abr. 2025.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA. Guia de estimulação precoce: atenção básica: a abordagem do desenvolvimento neuropsicomotor da criança com microcefalia. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estimulacao_precoce_atencao_basica_abordagem_desenvolvimento_neuropsicomotor.pdf. Acesso em: 27 abr. 2025.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE; SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. Orientações integradas de vigilância e atenção à saúde no âmbito da emergência de saúde pública de importância nacional: procedimentos para o monitoramento das alterações no crescimento e desenvolvimento a partir da gestação até a primeira infância, relacionadas à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias infecciosas dentro da capacidade operacional do SUS. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017. 158 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_emergencia_gestacao_infancia_zika.pdf. Acesso em: 27 abr. 2025.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE E AMBIENTE. Situação epidemiológica da síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika: Brasil, 2015 a 2023. Boletim Epidemiológico, Brasília, DF, v. 55, n. 5, p. 1–15, 5 mar. 2024. Disponível em: http://plataforma.saude.gov.br/anomalias-congenitas/boletim-epidemiologico-SVSA-05-2024.pdf. Acesso em: 27 abr. 2025.

CARDIM, L. L. All-cause and cause-specific mortality in children with congenital Zika syndrome in Brazil. JAMA Network Open, v. 8, n. 1, e2456042, 23 jan. 2025. Disponível em: https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2024.56042. Acesso em: 27 abr. 2025.

COSTELLO, A.; DUA, T.; DURAN, P.; GÜLMEZOGLU, M.; OLADAPO, O. T.; PEREA, W.; et al. Defining the syndrome associated with congenital Zika virus infection. Bulletin of the World Health Organization, v. 94, n. 6, p. 406–A, jun. 2016. Disponível em: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/271925/PMC4890216.pdf. Acesso em: 24 maio 2025.

DUARTE, G.; MORON, A. F.; TIMERMAN, A.; et al. Zika virus infection in pregnant women and microcephaly. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 39, n. 5, p. 235–248, maio 2017. Disponível em: https://journalrbgo.org/wp-content/uploads/sites/4/articles_xml/1806-9339-rbgo-39-05-235/1806-9339-rbgo-39-05-235.pdf. Acesso em: 24 maio 2025.

FRANÇA, G. V. A.; PEDI, V. D.; GARCIA, M. H. de O.; et al. Síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika em nascidos vivos no Brasil: descrição da distribuição dos casos notificados e confirmados em 2015-2016. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, v. 27, n. 2, e2017473, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ress/a/nvpwC7jVqpBg6Y5Z4zRJwzd/. Acesso em: 24 maio 2025.

GUARDADO, K. Zika virus infection in asymptomatic pregnant women. Infectious Disease Reports, v. 17, n. 1, art. 2, 2025. Disponível em: https://doi.org/10.3390/idr17010002. Acesso em: 27 abr. 2025.

MO, Y.; ALFEREZ SALADA, B. M.; TAMBYAH, P. A. Zika virus: a review for clinicians. British Medical Bulletin, [S.l.], v. 119, p. 25–36, jun. 2016. Disponível em: https://pngpaediatricsociety.org/wp-content/uploads/2016/03/Mo-Y-Zika-virus-review-for-clinicians-Brit-Med-Bulletin-2016.pdf. Acesso em: 24 maio 2025.

MOORE, C. A.; STAPLES, J. E.; DOBYNS, W. B.; PESSOA, A.; VENTURA, C. V.; FONSECA, E. B.; et al. Characterizing the pattern of anomalies in congenital Zika syndrome for pediatric clinicians. JAMA Pediatrics, v. 171, n. 3, p. 288–295, mar. 2017. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jamapediatrics/fullarticle/2579543. Acesso em: 24 maio 2025.

MUSSO, D.; KO, A. I.; BAUD, D. Zika virus infection—after the pandemic. The New England Journal of Medicine, v. 381, n. 15, p. 1444–1457, 2019. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMra1808246. Acesso em: 24 maio 2025.

REIS, C. de B. Vulnerabilidade socioeconômica e microcefalia relacionada ao Zika vírus no Brasil. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 34, supl. 1, e34SP113, 24 maio 2024. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/a/pvkDhL7m6dWKd8Xkp5hfRSJ/. Acesso em: 27 abr. 2025.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO statement on the first meeting of the International Health Regulations (2005) (IHR 2005) Emergency Committee on Zika virus and observed increase in neurological disorders and neonatal malformations. Geneva: WHO, 2016. Disponível em: https://www.who.int/news/item/01-02-2016-who-statement-on-the-first-meeting-of-the-international-health-regulations-(2005)-(ihr-2005)-emergency-committee-on-zika-virus-and-observed-increase-in-neurological-disorders-and-neonatal-malformations. Acesso em: 27 abr. 2025.

XIMENES, R. A. de A.; MIRANDA-FILHO, D. de B.; BRICKLEY, E. B.; ARAÚJO, T. V. B. de; et al. Risk of adverse outcomes in offspring with RT-PCR confirmed prenatal Zika virus exposure: an individual participant data meta-analysis of 13 cohorts in the Zika Brazilian Cohorts Consortium. The Lancet Regional Health – Americas, v. 17, p. 100395, jan. 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.lana.2022.100395. Acesso em: 27 abr. 2025.

Downloads

Publicado

2025-10-31

Como Citar

Neves Pereira, A. C., Moreira de Castro, P. H., Ventura Romeiro, R., Oliveira de Aquino, A. C., Aste Silveira, F., & Alfredo Seixas, J. (2025). Avaliação da correlação entre casos de infecção pelo Zika vírus em gestantes e a síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika no Brasil. Revista Saber Digital, 18(3), e20251809. https://doi.org/10.24859/SaberDigital.2025v18n3.1796

Edição

Seção

Medicina